5 marias

Paris. 2005-2006.

12.4.07

Mc Do.

Sempre aberto para a fome do último metrô. Sempre aquela filinha de 7 ou mais pessoas, aquele bafão-calefação (faça 0º ou 30º graus), o chaozão seboso, atendimento no nível (do chão). Comida barata. Barata mesmo. Banheiros grátis, água quase potável (para encher a garrafinha). Enfim, la classe.
Elas estão ali, catando as moedas no porte-monnaie, esperando a vez, olhando para a cara da atendente chinesa: uma petite frite, um cheeseburguérr, uma petite cocá. A infeliz não entende.
Dez meses depois, com 10 Mc kilos a mais, elas mudam o menu para: uma petite salade, um yaourt aux fruits, uma cocá “laiti”. O esforço é inútil. O Big Mac custa 2 euros depois das 22h . E elas sucumbem ao Mc Donald’s do inferno. Sempre na esquina de uma noitada. É isto ou: carne-tapete enrolada por 3 ou mais meses num espeto giratório d’onde se tira lascas com uma faca que nunca viu água, acrescenta-se rodelas de cebola crua – bafo 24 horas sûr - enfia tudo no pão com fritas moles de óleo velho; a digestão completa do sanduichinho pode levar 72h. Ou ainda: o crepe! Massa mole que fica horas e horas num pote que nunca viu água também, que vai para uma chapa idem, e, depois de pronta, é enrolada por unhas pretas e aquela coçadinha na cabeça antes de colocar o recheio. Inspeção sanitária? Higiene? Ninguém morre por falta disso. A fome é que mata. O Mc Do salva.

Cocô e Cacá

A capital chique do mundo tem merda espalhada nas calçadas. Pá? Saco plástico? Recolher? Não, ninguém nunca ouviu falar. Os cachorros cagam e os espertos driblam, pés rápidos; esquerda-direita e olé! Copa do Mundo. Como explicar às crianças franco-fônicas que o jogador da seleção brasileira “Kaká” não se chama “Cocô”? E as mesmas, não acreditando no apelido do moço, choravam de rir na diante da TV com a locução francesa da partida: Cocô avança na área. Cocô passa para Róbinho. Cocô erra o chute. Vai, Cocô!
Para concluir o assunto, outra situação mal-cheirosa: Certo dia, Ela, já com uma leve dor de barriga, é comunicada sobre a falta d’água em casa e o entupimento das privadas. Sem cerimônias, no quarto mesmo, ela faz suas necessidades sólidas no tablóide do Metrô e acomoda-as, muito rapidamente, numa SACOLINHA – muito provavelmente do ED.
Mas a humilhação não finda neste ponto. Ela pensa: “Não posso jogar esta sacola no lixo de casa; isso vai feder”. De qualquer forma, ela iria sair de casa e pegar o próximo trem pra Paris. Pensa, mais uma vez, com astúcia: “Vou jogar num lixo da rua!”. Assim, ela é obrigada a carregar a sacola de merda por 2 quilômetros.
No percurso até a estação não havia lixos. Très chic ã.

Contador de visitas
Contador de visitas