5 marias

Paris. 2005-2006.

18.3.07

Le lapin

Ela morava numa casa que poderia ser - por que não - do núcleo rico da novela das oito. O bordado da almofada combinava com a moldura do quadro (abstrato). Havia um buda de bronze – e 1 metro e meio - na sala de jantar. A mesa valia um GOL zero km. Na cozinha, além de coisas estampadas em xadrez, Ela topava com uma gaiola e, dentro, um coelho gordo, marrom, orelhas caídas: Pirrouette.
Assim como o buda reluzente, Pirroutte era um adorno. Combinava com as cadeiras.
Ela, não acostumada a ignorar os seres-vivos, se afeiçoou ao animal. E quando os verdadeiros donos da casa viajavam, presenteava o coelho com liberdade, fraternidade e ração. Mas se arrependeu em seguida. Pirroute era indisciplinado e burro.
Uma vez solto no jardim, era preciso chamar o exército para resgatá-lo. Para alimentá-lo, corria-se um alto risco de ter a mão mordida/infectada e mais: Pirrouette fazia a gentileza de tampar o pratinho de ração com seu cabeção.
- Vai pra lá coelho burro!
Pirroutte também assustava suas amigas quando pulava na gaiola de repente. Aliás, ele ouviu as coisas mais absurdas e hilárias que um coelho poderia ouvir.
- Ah, se este coelho falasse! – diziam.
Um dia, Pirroutte morreu. Como diria um sábio garotinho francês:
- Tu sais, c’est triste la mort.

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