Mc Do.
Sempre aberto para a fome do último metrô. Sempre aquela filinha de 7 ou mais pessoas, aquele bafão-calefação (faça 0º ou 30º graus), o chaozão seboso, atendimento no nível (do chão). Comida barata. Barata mesmo. Banheiros grátis, água quase potável (para encher a garrafinha). Enfim, la classe.
Elas estão ali, catando as moedas no porte-monnaie, esperando a vez, olhando para a cara da atendente chinesa: uma petite frite, um cheeseburguérr, uma petite cocá. A infeliz não entende.
Dez meses depois, com 10 Mc kilos a mais, elas mudam o menu para: uma petite salade, um yaourt aux fruits, uma cocá “laiti”. O esforço é inútil. O Big Mac custa 2 euros depois das 22h . E elas sucumbem ao Mc Donald’s do inferno. Sempre na esquina de uma noitada. É isto ou: carne-tapete enrolada por 3 ou mais meses num espeto giratório d’onde se tira lascas com uma faca que nunca viu água, acrescenta-se rodelas de cebola crua – bafo 24 horas sûr - enfia tudo no pão com fritas moles de óleo velho; a digestão completa do sanduichinho pode levar 72h. Ou ainda: o crepe! Massa mole que fica horas e horas num pote que nunca viu água também, que vai para uma chapa idem, e, depois de pronta, é enrolada por unhas pretas e aquela coçadinha na cabeça antes de colocar o recheio. Inspeção sanitária? Higiene? Ninguém morre por falta disso. A fome é que mata. O Mc Do salva.