5 marias

Paris. 2005-2006.

12.9.07

Invalides

Atravesse a ponte reluzente de anjos. Está vendo aquele prédio? Está vendo aquela cúpula dourada? Dizem que ali está o corpo de Napoleão I. Nem fodendo, diz a amiga. “Eu duvido! Isso é pra pegar turista imbecil. Você paga pra ver a placa. Túmulo porra nenhuma”. Depois de dez (ou doze?) taças de vinho (ou montparnasse? Ou champagne? Ou coca?), tudo junto, tudo quente, com cerejas, salgadinhos esmigalhados, o quê? O quê? Quem? Quem vai ter importância? As cinco amigas estão ali, num piquenique noturno, tomando no bico da garrafa, o último encontro, o derradeiro, o quebra-total, a despedida. As rolhas se enfileiram. A bunda gela no gramado úmido. Xixi! Ali, atrás da moita! Que moita, minha filha? Acreditam e vão todas, apoiando-se. Não há moita. Há um canto escuro e fétido. Fica aí vigiando, disse, com as calças já no calcanhar. O xixi mais espetacular da vida. A torre piscando, Ela mijando. Pisca, mija, pisca, mija. A amiga pisou numa bosta! “Bosta humana!”, grita. Sentam no banco e risos, uma hora da manhã. Pega aí, guria! Lenços umedecidos para limpar a sola bosteada. Sacolas viram pantufas. De manhã, baba no travesseiro, sandálias no lixo. Fedor.

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