5 marias

Paris. 2005-2006.

20.6.07

O que não vale a pena descobrir – Parte 2

Ela está feliz. Foi convidada para um Jantar Especial. O chef , e dono da casa, anunciou o prato principal. RIS O QUÊ? Nunca ouviu falar, nunca comeu. Uma carne, com certeza. Mas nem o dicionário, nem o seu Pai, veterinário experiente, sabiam descrever. Contudo, sabia que era caro e raro, assim como outras centenas de ingredientes daquela culinária. No fim, ela se despiu de preconceitos tolos, na verdade, ela não tinha dinheiro para preconceitos tolos, enfim, comeu, repetiu e raspou o prato. Eram amídalas de bezerro.

O que não vale a pena descobrir – Parte 1

Primeira semana no emprego, tarefa: limpar a cozinha. Louça, pia, fogão, armários, chão, mesa e O QUE ESTE TAPETE ESTÁ FAZENDO NA MESA? Ela analisa o tecido, cheira, tateia, observa a estampa, sim, trata-se de um tapete, conclui. Coloca-o no chão.
Segunda semana, cozinha, hora da limpeza! Louça, pia, fogão, chão e POR QUE O TAPETE ESTÁ DE NOVO EM CIMA DA MESA? Coloca-o no chão. Terceira semana, cozinha, louça, fogão e DE NOVO ESTE TAPETE NA MESA? Está imundo e fedido. Coloca-o imediatamente no chão e pensa Puta Merda, Quem está fazendo isso? Um dia, fim do mistério: sua patroa pega o tapetinho para enxugar a louça. Sim, era um pano de prato.

Printemps

Fim do dilúvio. No calendário, pelas regras da França, o mês deve ter sol e flores, mas, no caminho escola-casa-casa-escola, não há nada além de vento, galhos secos e nuvens que atrapalham o sol. Com as roupas de inverno em trapos, Ela insiste numa saia de tecido leve e passa um frio maldito. Já na metade do mês, revoltada, ela não acredita na primavera. As árvores ameaçam mini-mini-brotinhos verdes e neste ritmo, pensa, estarão com folhas em agosto. A temperatura aumenta na mesma lerdice. Mas a natureza tem seu tempo e, de repente, numa tarde de sol constante, alguém fotografa sua barriga branca e ri. Ela ri também. Ao seu lado, na grama perfeita, há uma fileira de panças translúcidas. Uma delas lê, a outra ouve música, a terceira joga as meias longe e enterra os pés no verde fresco. Calor. Bebe água. Molha a nuca. A pele queima, transpira. Corpo mole. Adormece. Silêncio. Não muito longe, há uma estátua branca de uma deusa qualquer e um círculo de tulipas laranjas-avermelhadas.

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